Breve história da Gurgel
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Breve história da Gurgel

Descuba quem foi um dois maiores empreendedores e gênio da indústria automobilística com a breve história da Gurgel.

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Descuba quem foi um dois maiores empreendedores e gênio da indústria automobilística com a breve história da Gurgel.

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Quem foi João Gurgel?

Breve história da Gurgel
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Um dos empreendedores mais revolucionários da história do Brasil, o visionário que foi engolido pela burocracia e pelas dificuldades de nosso país. 34 anos antes de Elon Musk apresenta seu primeiro modelo Tesla com motor elétrico, João Augusto Conrado do Amaral Gurgel já mostrava ao mundo seu próprio carro elétrico, o Itaipu, o primeiro carro elétrico da América Latina.

João foi o fundador da Gurgel Motores, uma montadora de automóveis 100% brasileira, que ao contrário das multinacionais, era muito nacional. João Gurgel nasceu dia 26 de Março de 1926, em Franca, São Paulo.

Apaixonado por automóveis, desde cedo tinha um grande sonho, criar um carro genuinamente brasileiro. A materialização de seu sonho começou desde sua adolescência, na escola Politécnica de São Paulo. Em que Gurgel apresentou um pequeno veículo de 2 cilindros, batizado de Tião, sendo apresentado em seu TCC.

Apesar de seu ambicioso projeto, quase foi reprovado, pois o projeto pedido era a apresentação de um guindaste. Perdoado pelo professor, ouviu um conselho do mesmo, “Carro não se fabrica Gurgel, carro se compra”.

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Na faculdade, João se formou como engenheiro mecânico e eletricista, e teve a oportunidade de fazer sua pós graduação nos Estados Unidos, por lá estudou e trabalhou em grandes empresas automobilísticas, como no grupo General Motors.

Ao retornar para o Brasil, Gurgel se tornou empresário. Sua primeira empresa foi a Moplast, moldagem de plásticos, fundada em 1958 junto a outros sócios. A companhia fornecia materiais plásticos para várias outras empresas brasileiras.

Porém, seis anos após a fundação da empresa, João deixou a companhia, e fundou a Macan, uma revendedora de veículos Volkswagen. A empresa também fabricava karts, veículos infantis e um carro transportador de cargas, utilizado em fábricas e aeroportos, chamado Mocar.

Início do Ambicioso Sonho…

Breve história da Gurgel
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Gurgel 1200 (Ipanema)

Em 1969, João Gurgel deu um grande passo em seu sonho, fundou a Gurgel Motores, sua própria montadora de veículos. O primeiro modelo da marca foi uma espécie de Buggy, com linhas modernas, foi batizado de Ipanema. O carro utilizava chassi, motor e suspensão de veículos da Volkswagen.

O primeiro carro de passeio da montadora foi fabricado 4 anos depois do primeiro veículo, em 1973, o Xavante. Uma espécie de jipe, era conhecido também como X-10, na época tinha um design polêmico, o carro continha uma espécie em cima do capô e um par de pás nas laterais do veículo. Sua carroceria era feita de fibra de vidro, característica que virou espécie de marca registrada dos veículos da Gurgel.

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Gurgel X-10

A fibra de vidro era um ótimo material por conta de sua alta durabilidade e excelente resistência a impactos. Existem boatos que aqueles que visitarem a fábrica poderiam pegar um taco de baseball e bater na carroceria para testar a qualidade do material e da carroceria.

O chassi do carro também era revolucionário, era feito de uma junção de plástico de aço. Tecnologia que foi até patenteada pela empresa, o material possui uma alta resistência e difícil deformação da peça. Fazendo com que o veículo circulasse em vários terrenos, inclusive off-road.

O chassi e a carroceria formavam um só bloco, por conta de seus materiais, quase eliminando as chances de corrosão. Aumentando assim a durabilidade dos carros feitos pela montadora. Gurgel oferecia uma garantia de até 100 mil km para estas peças.

Gurgel Off-Road

O motor que equipava os veículos eram Volkswagen, refrigerados a ar, igual aos equipados nos Fuscas e Kombi da época. As rodas do Gurgel também vinham das Kombi, do Fusca era utilizado a suspensão independente nas quatro rodas. Para garantir um aspecto off-road aos veículos, Gurgel aumentou os ângulos de entrada e saída dos seus carros.

Para uma melhor experiência em vias de terra, Gurgel desenvolveu um sistema que possuía uma alavanca no carro que permitia o motorista bloquear a tração de uma das rodas, assim toda a força do motor seria direcionado para a outra roda, ideal para quando o veículo ficasse enroscado ou atolado na terra. O sistema foi batizado de Select Traction.

Com as tecnologias embarcadas no carro, agradou o exército brasileiro, que na época adquiriu diversas unidades. A evolução do Xavante X-10, veio mais aperfeiçoado que o X-12, que nada mais era que a versão civil de seu antecessor. Em sua segunda versão o estepe foi para a parte de trás do carro, onde ficava o motor do veículo. Ganhou também linhas mais retas.

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Gurgel X-12

Porém, o carro sofria sérias dificuldades em fazer curvas nas ruas e estradas, por conta da baixa estabilidade que o carro tinha. Outro fator negativo era o alto barulho do motor que fazia dentro da cabine.

Primeiro Carro Elétrico da América Latina

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E novamente João Gurgel resolveu inovar novamente, em 1974 iniciou um projeto pioneiro. O primeiro carro elétrico da América Latina, batizado de Itaipu, em homenagem à maior hidrelétrica do mundo na época. Seu design era polêmico para a época, contando com apenas dois lugares. Nas ruas brasileiras foi chamado de mini carro.

As baterias do Itaipu eram facilmente recarregáveis em qualquer tomada de luz. O carro foi anunciado no Programa do Silvio Santos, de alto sucesso na época. Mesmo com incertezas e alta do petróleo na época, e embarcando com diversas tecnologias, o veículo sofreu com diversos problemas.

As pesadas baterias do mini carro não duravam muito, e não entregavam um bom desempenho para o veículo. As baterias sofrem muitos problemas de quebra ou falha. Com os diversos obstáculos da época, a montadora decidiu investir mais na produção dos tradicionais veículos a combustão.

Furgão da Gurgel

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Gurgel anos depois do insucesso do Itaipu, criou seu furgão, o X-15, e a picape G-15. Os carros ainda continuavam a ser produzidos em fibra de vidro e desenho característico da montadora, sempre utilizando de linhas retas nos carros. Com os diversos veículos rodando nas ruas do Brasil, a fabricante tornou-se a maior produtora de veículos de pequeno porte do país.

O sucesso dos carros não ficou limitado apenas em território nacional, os veículos exportados eram bastantes na época, cerca de 25% dos carros produzidos pela pequena montadora foi destinado a outros países, em sua maioria países latino americanos. Porém a capacidade de produção era bem baixa na época, cerca de 10 carros por dia eram produzidos na fábrica em Rio Claro, interior de São Paulo.

Gurgel Carajás

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Após alguns anos de produção, a Gurgel decidiu produzir ouro jipe, o Carajás, o carro continha duas portas laterais e uma traseira, o design chamava atenção na época. O carro vinha com as melhores tecnologias que a Gurgel possui, em baixo do capô, o carro era equipado com motor do Volkswagen Santana. Assim, o Carajás se tornou o principal veículo da empresa, fazendo com que em 1989 o X-12 saísse do catálogo da montadora.

Com o tempo, depois de alguns desentendimentos entre a Volkswagen e a Gurgel, a montadora alemã não vendia mais seus motores e peças para a montadora nacional. Então, Gurgel teve que começar a fabricar o seu próprio motor.

CENA e BR-800

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Gurgel BR-800

Em 1987, antes muito mesmo da criação de mini carros como conhecemos hoje, como o Smart e Fiat 500, Gurgel já havia criado o seu, o CENA, abreviatura de Carro Econômico Nacional. Conhecido nas ruas como Gurgel 280. O carro poderia ser equipado com motor de 26 ou 32 cavalos de potência.

O projeto sucessor do Gurgel 280 veio o BR-800, considerado o primeiro carro 100% nacional produzido em escala no Brasil. Isso porque agora toda a parte de suspensão e motor eram fabricados pela própria Gurgel. Seu motor foi elogiado por grandes montadoras europeias, como a Porsche, Volvo e a Citroen.

O mini carro pesava cerca de 650 Kg, e ainda conseguia transportar 4 passageiros com conforto e 200 Kg de carga. O pequeno automóvel conseguia passar a marca de 110 Km/h. Lançado oficialmente em 1988, na época era cerca de 30% mais barato que seu concorrente Fiat Uno. Foram vendidos cerca de 8 mil unidades do mini carro brasileiro.

Com o mandato do então Presidente Fernando Collor, nos anos 90 abriu a importação de veículos produzidos por empresas do exterior. Então, com carros das multinacionais rodando nas ruas, o BR-800 seria massacrado pela concorrência.

Super Mini

Então novamente João Gurgel tentou outra inovação, a evolução do BR-800 seria o Super Mini, era considerado bastante moderno para a época. Foi considerado o menor carro fabricado no país, por conta de seu pequeno tamanho e baixo peso, o veículo era extremamente econômico.

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Acordo entre João Gurgel e Ciro Gomes

Por conta de um acordo mal sucedido da época, entre João Gurgel e Ciro Gomes, então Governador do Ceará. Que seria montado uma fábrica no estado, por conta de parceria e isenções fiscais que o governador havia prometido. A montadora realizou empréstimos para poder financiar o projeto, porém relatos de familiares dizem que o governador não cumpriu com o acordo, fazendo que Gurgel ficasse com uma enorme dívida com os bancos, por conta do dinheiro que havia tomado emprestado.

Então, em 1993 atolado em dívidas, a montadora que era o grande sonho do engenheiro brasileiro João Gurgel teve que pedir concordata. Depois de mais de 40 mil carros vendidos, a montadora sucumbiu dando lugar aos carros das empresas concorrentes multinacionais.

O empreendedor faleceu em 2009.

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