A ideia de um carro motorizado a água, além de interessante, aparenta ser algo inovador no setor de automóveis, principalmente ao considerarmos o alto preço da gasolina.
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A ideia de um carro motorizado a água, além de interessante, aparenta ser algo inovador no setor de automóveis, principalmente ao considerarmos o alto preço da gasolina. Suas diferentes fórmulas de funcionamento, a maioria hipotética, vem se tornado há anos assunto de debates, artigos, pesquisas e até patentes de empresas globais. | ||
A sua proposta é, aparentemente, simples: o combustível do carro seria produzido a partir de uma reserva de água encontrada no mesmo. O problema é que a água não é um elemento por si só já combustível e o elemento dela que é sim altamente inflamável, o hidrogênio, para que seja utilizado precisa se separar do oxigênio também encontrado na substância, através de um processo de eletrólise. | ||
Entretanto, tal processo por si só já gasta a energia que seria necessária para mover o carro. Em linhas gerais, a ideia de utilizar a água como combustível vai contra as leis da termodinâmica. | ||
Tá, mas por que continuamos a escutar sobre propostas de carros movido a água ou até venda de kits para esse propósito? Por que podemos encontrar diversos vídeos em diferentes plataformas que explicam como fazer isso ser possível? Essa questão acaba envolvendo uma alta disseminação de fake news e propagandas enganosas, que prometem ser possível adaptar seus motores para que eles funcionem apenas com a necessidade de água. | ||
Entretanto, essa proposta é altamente perigosa e sem garantia de funcionar e tais adaptações podem comprometer os componentes do automóvel. O que de fato acaba ocorrendo nesses processos é que o automóvel gasta energia (queimando gasolina) em uma tentativa de separar o hidrogênio do oxigênio da água e, através da combustão de hidrogênio, gera-se energia capaz de mover o motor. | ||
O problema acontece pois nessa dinâmica surge um impasse de desequilíbrio energético, pois, como já explicado, gasta-se mais energia no processo de eletrólise do que a combustão do hidrogênio produz. Tudo isso sobrecarrega o equipamento, sem falar nos riscos de danos elétricos que podem causar até explosões. | ||
Mas, ainda tem um caminho diferente possível de se seguir: a utilização de apenas hidrogênio, pois um cilindro de hidrogênio, sem precisar passar pelo processo de se separar do oxigênio, já consegue produzir a energia necessária sem causar um desequilíbrio energético, mesmo que seja uma forma bem mais cara e complicada, devido às especificidades do elemento. | ||
O processo pode ser considerado um pouco complexo, mas se torna possível devido ao que é chamada de célula de combustível, ou seja, um célula eletroquímica que converte a energia potencial de um combustível em eletricidade através de uma reação eletroquímica. | ||
Essa é a proposta de um dos mais novos modelos da Toyota, o Mirai, que fez com que a marca entrasse no livro de recordes, o Guinness World Record. O carro conseguiu rodar cerca de 1.360 km apenas com um tanque completo de hidrogênio, algo nunca registrado antes. O evento teste ocorreu em agosto de 2021, na Califórnia, sendo utilizado 5,65 kg do elemento do hidrogênio. | ||
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O mais interessante é que o carro, durante a corrida, apenas emitiu água pelos seus escapamentos, mas, se tivessem sido utilizadas substâncias convencionais de combustão, como a gasolina, teriam sido emitidos cerca de 300 kg de CO2 no trajeto. | ||
Outra vantagem do carro movimento a hidrogênio é a sua praticidade: o abastecimento pode ser realizado através de mangueiras similares a de carros movidos pelo Gás Natural Veicular, e ele dura um tempo similar a um abastecimento de um carro de combustão e ainda sendo bem mais rápido que a recarga de um carro elétrico. | ||